sábado, 9 de abril de 2016

NOVA ESQUERDA NA ZONA OESTE CARIOCA

 
Manifesto
Fundação do Espaço dos Democratas da Esquerda da Zona Oeste
EDEZO
 
A Zona Oeste carioca é um exemplo brasileiro de falta de perspectiva das periferias urbanas. Como tantos outros espaços da periferia, fomos urbanizados em plena Ditadura Militar, ou seja, a escassez de serviços públicos permitiu a maximização dos lucros para um conjunto de loteamentos legais ou não que contribuiram na formação de bairros e subbairros dormitórios. O silêncio imposto a sociedade civil organizada favoreceu a expansão demográfica da região sem que houvesse ganhos na qualidade de vida. Essa é a localidade em que a escassez da participação democrática é proporcional aos grandes lucros de segmentos sociais avessos ao respeito as normas legais.
 
As camadas subalternas da Zona Oeste carioca compõem a maior massa de trabalhadores das mais populosas Zonas Administrativas do Rio de Janeiro. Vivem o cotidiano de trabalhar distante de sua moradia. Fazer uso de transportes coletivos precários. Morar em espaços urbanos sem espaços de convivência comunitária. Não há uma cultura política que promova o desenvolvimento com justiça social diante de uma história marcada pelo clientelismo.
 
A sociedade civil foi sufocada diante das sedimentações passivas de uma estrutura econômica que foi modernizada por uma vertente autoritária. A Zona Oeste carioca é um caso clássico de "subúrbio" da política em benefício das forças políticas centralizadoras. Por isso, o populismo sempre aprofundou a grave situação das camadas populares na região, uma vez que cede determinadas conquistas sem aprofundar na organização da sociedade. As maiores vítimas dos efeitos perversos da crise econômica dos anos da década de 80 viveram a espera de um "salvador da pátria". O sebastianismo político na Zona Oeste só mudou de "pele" nos anos que se seguiram. Contudo, todos tiveram a mesma espinha dorsal: negociaram com as forças políticas conservadoras locais em nome de uma estabilidade local.
 
Afinal, a Zona Oeste carioca ganhou centralidade política no jogo político do Município. O bairro de Campo Grande é o centro político dessa representatividade autoritária e mítica. Muitas iniciativas democráticas no Rio de Janeiro não conseguiram prosperar pois não tiveram a adesão dessa localidade política. A chave da vitória das forças democráticas no Rio de Janeiro passa por essa região. Por isso, que compreendemos ser fundamental uma nova forma da Esquerda atuar nesse território político.
 
A ideologização da Zona Oeste carioca é o erro da esquerda tradicional. Sobreviveu em fins dos anos 80 graças aos ventos das vertentes de uma esquerda católica que hoje não existe mais. Fragmentada em legendas que só desejam garantir um mito de "proximidade com o proletariado". Nossa esquerda tradicional não soube interpretar a singularidade da região. Simplesmente alimentou a opinião que seríamos parte de uma "cidade partida". Repudiamos essa falsa interpretação.
 
Somos parte integrante da política carioca uma vez que garantimos a hegemonia de seguidas administrações conservadoras desde 1988. Nossa precariedade social é o alimento político do clientelismo que sustenta esse conservadorismo. Por outro lado, à margem da institucionalidade, segmentos juvenis estão mobilizados sem que as cartilhas da esquerda tradicional impessa percebam essa contaminação de viés autoritário. Consequentemente, para que tenhamos uma política democrática e progressista em nossa Cidade, defendemos uma nova forma de atuação da esquerda em nossa região.
 
Por isso, reunimos militantes de diversos perfis e segmentos do campo democrático para fundar um movimento político que represente esse nova interpretação. Nosso objetivo é mobilizar a sociedade para aprofundar as mudanças na região pela participação democrática. Lutar por melhorias na qualidade de vida destacando a saúde, a educação, a mobilidade urbana e a cultura. Precisamos melhor conhecer nossa história local e a sociologia política que alimenta as engrenagens do clientelismo. Estudar e agir com as forças democráticas locais e do município para que democratizemos nosso espaço urbano.
 
O Espaço dos Democratas da Esquerda da Zona Oeste (EDEZO) tem sua base política de atuação na AP. 5 (Bairro de Realengo até Santa Cruz). Somos pluripartidários no campo da esquerda sem sectarismo com a origem de nossos militantes desde que se comprometam com esse manifesto e o defendam em sua atuação política cotidiana. Somos um Movimento Político de Estudo e Mobilização da sociedade civil. Somos um Espaço que julgamos que seja necessário se fortalecer nessa região.
 
 
 


Um comentário:

  1. Saudações amigo,

    Não sei bem como vocês descobriram o meu email, mas fico feliz que tenham conseguido. Eu compartilho de todas as análises e críticas que vocês apresentaram aqui, e gostaria de conhecer um pouco melhor este projeto, para quem sabe atuar também de forma militante.

    Como morador da região desde sempre, estou cansado de ver nossa Zona Oeste entregue aos mesmos caciques políticos de sempre, que praticam a pior política, que é aproveitar as fragilidades da nossa população para alcançar cargos políticos através de promessas de uma vaga em um hospital aqui, um emprego ali, uma cadeira de rodas acolá, ou coisas do gênero.

    Só sairemos dessa situação quando abandonarmos de vez a vantagem pessoal e pensarmos coletivamente, para que a Zona Oeste possa se livrar destes oportunistas.

    Vou acompanhar as postagens e os eventos de vocês.

    Um grande abraço e boa sorte nessa luta.

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