Carta
Aberta ao Campo Democrático de Nosso Bairro
Por Vagner
Gomes de Souza
Coordenador
do Espaço dos Democratas da Esquerda da Zona Oeste (EDEZO)
A crise econômica brasileira está sendo solucionada com o
aumento da desigualdade social entre os brasileiros. A implementação da reforma
trabalhista está sendo feita num momento de refluxo do movimento sindical que
ficou “acomodado” pela cooptação nos tempos do recentes. Além disso, o quadro
de maciço desemprego enfraquece o poder de pressão dos trabalhadores.
Apesar das manifestações oficiais do Governo feitas pelo
porta voz do mercado, Henrique Meireles, de que a crise está sendo
ultrapassada. Os indicadores sociais informam o aumento de camadas populares na
linha de pobreza em ascensão. A estabilidade do Ministro da Fazenda é para os
mais ricos a medida que os mais pobres empobrecem mais.
Nesse particular, o bairro de Campo Grande no município do
Rio de Janeiro é um fiel retrato do agravamento da pobreza. O trabalho informal
atingiu patamares surpreendentes e ainda mais sob a pressão das famílias
migradas para o bairro nos tempos do “milagre olímpico”. A crise de
investimento do Governo Estadual se somou aos graduais cortes do empenho
orçamentário do Governo Municipal, o que fez muitas pessoas ficarem sem cuidado
público. Os segmentos populares foram entregues as alternativas do mercado em
grande voracidade competitiva nas calçadas do comércio de ambulantes e por
outros meios.
Cresceram as manifestações de intolerância religiosa, racial,
de gênero e orientação sexual para aprofundar o processo de exploração das
camadas populares. O velho mundo da aristocracia familiar do bairro entrou em
declínio, mas as forças democráticas não se impuseram com organizações autônomas
no bairro de Campo Grande. Ainda persiste uma forte fragmentação do Campo
Democrático em nosso bairro.
As classes subalternas aqui são saudosas da centralização
administrativa que lhe deu ganhos sociais
de cima para baixo. Em tempos de saudosismo e crise das finanças públicas,
restou no imaginário do senso comum a defesa da centralização pela via
autoritária. As forças liberais ficam omissas diante de sua preocupação em
cuidar do cotidiano da microeconomia. Portanto, o campo democrático precisa ser
a força aglutinadora do diálogo democrático no bairro.
Não é o momento apropriado para os projetos isolacionistas em
nosso bairro. O sectarismo de algumas forças políticas só beneficia o campo
autoritário da direita que manipula a mentalidade conservadora de segmentos
importantes do neopetencostalismo. Devemos buscar pontos comuns para derrotar
nosso inimigo comum nas próximas eleições. Essa é a tarefa urgente que atores
políticos e sociais precisam pautar para o início de 2018. A democracia é o
melhor caminho e o campo democrático em Campo Grande precisa expor isso através
da luta pela retomada da empregabilidade formal. Não temos tempo a perder!!!