domingo, 23 de abril de 2017

Homenagem a Ferreira Gullar

 
Ferreira Gullar e o Rabo do Foguete em Sentido Oeste
Por Vagner Gomes
"A poesia
Quando chega
Não respeita nada."
Trecho de "Subversiva" - Ferreira Gullar

Nosso país é testemunha de tempos de grande complexidade e estamos na ausência de grandes formuladores de opinião. A sequência das divulgações das delações premiadas em horário nobre só potencializa um clima de incertezas. Estamos reféns da civilização do espetáculo em prejuízo da cultura democrática. Nós precisamos reagir nessa conjuntura que desmobiliza ainda mais a sociedade. No oceâno de desencanto de nossa sociedade é preciso emergir uma proposta de reformismo que venha das classes subalternas. Portanto, compreendemos que nossos gestos humanos e solidários não estão desconectados com a defesa de princípios.
Sentimos que falta espaço para a reflexão sobre nosso país num cenário internacional de tamanhas turbulências. Inúmeras são as desorientações da política, que colocaram o debate entre direita e esquerda no campo das maquinações ideológicas e sem colocar os problemas concretos da sociedade expostos. O núcleo da democracia precisa ser o terreno comum para todos que desejam refazer nossa política. Nesse momento, defendemos que a cultura é uma alternativa para resgatar os valores universais da democracia, do humanismo e do pacifismo.
O século XX, chamado de "Era dos Extremos", pelas consequências cruéis que a polarização política teve Ferreira Gullar como um expoente/testemunha cultural. Nascido no entreguerras na periferia do nosso capitalismo tardio (especificamente em 1930 em São Luíz do Maranhão). Nasceu como José Ribamar Ferreira e adotou o nome artístico Ferreira Gullar a partir de uma lógica dialética de sua herança familiar. Fez da poesia, entre outras expressões artísticas, sua reflexão do mundo desde a juventude. Inspirou muitos jovens a refletir e fazer cultura no pré-1964 no CPC da UNE. Aprendeu a ouvir para se fazer ouvir. Uma voz a traduzir-se.
Seu perfil na literatura e na cultura ultrapassou a linha do sectarismo político. Foi um homem de opinião forte e polemizador, mas nada se compara aos ataques vazios que um segmento da esquerda lhe fez ao longo da sua carreira. Afinal, ele não se deixou iludir pelos atalhos do radicalismo mas sempre foi um radical pelo caminho democrático. A experiência do Golpe de 1964 se somou a vivência no exílio, o que lhe proporcionou um olhar reformista, pois foi um radical em fazer uma crítica as injustiças de nossa sociedade.
Essa é a inspiração que nos motivou a homenagear Ferreira Gullar no Sarau de Poesia - No Rabo do Foguete em Sentido Oeste. Seu perfil vem a somar com nossa atuação na Zona Oeste carioca com o objetivo de fortalecer a democracia e abrir as portas para a reflexão para a juventude comprometida com os valores democráticos e indignada com o abismo que separa o mundo político e a sociedade.
Nós somos um Espaço Democrático em primeiro lugar. Convidamos dos liberais até aos socialistas em suas diversas matrizes a se unirem no esforço democrático de levar o melhor da cultura em sentido da nossa Zona Oeste. Sufocar o clientelismo e o assistencialismo é necessário pela autonomia e participação do cidadão. Construímos nosso caminho nessas trilhas para mudar nossa forma de fazer política em nosso país renovando o ativismo juvenil no bairro de Campo Grande e arredores.

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SARAU de POESIA - NO RABO DO FOGUETE EM SENTIDO OESTE: uma homenagem a Ferreira Gullar - Bairro de Campo Grande - 22 de abril de 2017
 
APRESENTAÇÃO - VAGNER GOMES
 
Leitura de "SUBVERSIVA" - LUCAS BRAZ
 
Leitura de "O AÇÚCAR"     - MILA PIMENTEL
 
Leitura de "TRADUZIR-SE" - VAGNER GOMES
 
Leitura de "NO CORPO"       - NATÁLIA FLÔR
 
Leitura de "NÃO HÁ VAGAS" - BRENO ELIAS
 
Leitura de "PROMETI-ME, POSSUI-LA" - EDGAR CARSAN
 
Leitura de "UMA VOZ" - INDAYÁ LOPES
 
Leitura de um trecho de "POEMA SUJO" - GABRIEL DIAS
 
Leitura de "OS MORTOS" - LUCAS BRAZ